domingo, 31 de janeiro de 2016

Avaliação das indicações de janeiro/16

Janeiro foi o mês da especulação. Aquilo que comumente se via no mercado de ações, em small-caps com pouca liquidez e micos, agora se faz nos FIIs. Funciona assim: pega uma notícia positiva ou negativa e se trabalha com ela, exagerando e disseminando. É como a brincadeira do telefone sem fio. Logo, nem os fatos resistem, a racionalidade desaparece.  No mercado acionário, movimentações atípicas podem gerar investigações, mas no mundo dos FII’s, os controles ainda são precários. Numa economia em crise, com os imóveis perdendo valor e vacância em alta, fica fácil fomentar o pessimismo.

Para completar o clima de fim de mundo, um projeto no congresso que prevê o fim da isenção do Imposto de Renda para os FIIs. O projeto, se for aprovado neste ano, só vai afetar o setor a partir de 2017 e, o principal, o atual estoque de FIIs não será afetado (como ocorreu com a cardeneta poupança quando houve mudança nas regras). Quem especula, evidentemente esconde tais detalhes, e apenas diz que o fim da isenção do IR é eminente (na verdade, o projeto é mais uma forma de forçar a aprovação da CPMF, uma “chantagem” com as instituições financeiras, que desde então passaram a defender a volta do imposto do cheque).

A tempestade poderia ser mais do que perfeita se o COPOM tivesse aumentado a taxa de juros, o que não ocorreu. Mesmo assim, o resultado de tanta especulação foi um desastre: queda de 6,17% no IFIX. O blog que teve a sorte de indicar dois fundos que foram de intensa especulação sofreu muito mais: queda -10,2%. Vale uma análise mais detalhada deste fracasso:

XPCM11: Queda de 14,8% no mês. Em 30/12/2015 esse fundo valia R$ 72,60. Em 27/01/2016 chegou a uma mínima de R$ 53,20, queda de 26,7%. Em 29/01/2016 depois e já estava em R$ 61,98, alta de 16,5% em dois dias. O que explica? Ao longo do mês esse fundo foi vítima de uma intensa boataria. Os problemas do ALMB11 e XTED11 foram usados como justificava. Foi um vale tudo, com gente dizendo que havia reunião da administradora com a Petrobras e uma fato relevante era eminente, que a Petrobras estaria desativando suas operações em Macaé (!?), que haveria demissões na Petrobras e o prédio seria desnecessário, que não havia mais petróleo a explorar na bacia de Campos, e outras ainda mais absurdas. De nada valeu declarações de quem conhece a situação de que dificilmente a Petrobrás poderia abrir mão do imóvel, visto que ele é mais do que um centro administrativo, tendo sido customizado para acolher parte do controle operacional das atividades da Petrobras na região. A boataria só se reduziu no final do mês, quando um relatório mostrou que o prédio já abrigava 1.300 funcionários em 12 andares e a Petrobras estava comprando e montando o mobiliário para o último andar vago (se a empresa pretende sair do imóveis, porque estaria investindo nele?). A verdade é que a possibilidade da Petrobras abandonar o prédio , mesmo parcialmente, é baixíssima. Mesmo que ocorra um forte revisional negativo, o fundo ainda exibirá um DY mensal superior a 1%.

SDIL11: Queda de 18,5% no mês. Aqui uma combinação de fatos e especulação. O fato: a BR Foods anunciou a intenção de devolver três módulos, dos 17 que aluga, o que equivale a 16,5% da receita do fundo. Considerando que o fundo já exibia um DY extremamente elevado, por conta de eventuais riscos, esperava-se uma queda de uns 10%. Mas, alguém viu no fato mais uma oportunidade para especular. Então, a bem conhecida onda de boatos: o fundo está mal localizado, no meio do mato, a BR Foods está com dificuldades com o mercado interno, o aluguel dos módulos é excessivamente elevado, o Rio de Janeiro está em crise (e os cariocas vão trocar a carne por mato), que a BR Foods vai devolver tudo, etc.Mas quem tiver tempo de acessar o Google Maps verá que o imóvel fica ao lado do Aeroporto do Galeão, próximo ao porto do RJ, na divisa do município do Rio de Janeiro e a baixada fluminense, com uma excelente estrutura viária. A saída da BR Foods de alguns módulos, se traz problemas no curto prazo, é altamente benéfica para o fundo no longo prazo, pois os 3 módulos que serão devolvidos (quase se confirme, pois o que existe é uma intenção), ficam ao lado de um módulo que está desocupado e que torna-se agora competitivo, por poderem ser alugados de forma conjunta. O imóvel da SDIL11 não pode ser comparado com os imóveis da TRXL11 e muito menos com o do EURO11. (Nota: houve uma acusação de insider, por conta de um negócio ocorrido na véspera do fato relevante, mas um negócio isolado, com valor financeiro ridículo é obra de insider?) 

NSLU11B: queda de -3,7%. Não houve notícia, fato relevante ou especulação. Aqui valeu o efeito manada.


VRTA11B: queda de -3,7%. Outra vítima do efeito manada.

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